Que te poderei eu mais
Dizer
[meu amor]
Se a poesia
Que te brotou do algar
Da alma
Se encarregou já
De o fazer?

Silencio-me pois
Para que me possas
Levar
No embalo das tuas
[das nossas]
Palavras...


A perfeição das coisas,
é um lugar silencioso
que nos convida à contemplação.




Existe um lugar secreto no beco das minhas lembranças. Especialmente aquelas que me fizeram sentir uma criança feliz. É para lá que costumo ir de cada vez que os de lá me chamam. E vou! Sem demora nem receio. Conversamos sempre da mesma forma, em silêncio. Invocando as nossas raízes e o nosso sangue, que nos trazem imagens por nós compartilhadas em vida, onde encontramos pedacinhos de histórias nossas. Histórias com sabor agre e doce de saudade. Sentimentos que saboreamos à revelia de quem nos traiu sem aviso, chamando a morte. Apazigua-se o vazio... sempre com a sensação de que nos havemos de encontrar de novo um dia destes, seja naquele ou noutro qualquer lugar do desconhecido.




Já não sei quem sou
De onde venho
Ou
Para onde vou

Sou um vulto
Sem rumo
Vergado
Ao infortúnio
Que me assolou

Um estorvo
Um tropeço
Nesta estrada
Que não tem fim
Nem começo
Por onde me morro
A cada passo
Que dou

Xôoo cão
Maldito sejas!

Que me persegues
E me filas
Silencioso...