Ao voltar do turno da noite, as roupas da criança, desarrumadas e fora do sítio onde as havia deixado, denunciavam o que a boca teimava em negar ao jorrar um rio de mentiras que não condiziam com o que os olhos envidraçados me diziam, deitando imediatamente tudo por terra. Das poucas palavras que a inocência do menino não compreendia, meia dúzia chegaram para confirmar o que as minhas suspeitas mais temiam: - " Já era de noite e fui às cavalitas do pai a casa de um amigo dele naquele sítio que tem muitas casas todas feias". O desespero matava-me todos os dias mais um bocadinho!

Este meu texto ( em ex aequo com o de outro colega de escritas - Tom) foi vencedor do concurso "imagens da nossa memória" do site EscritArtes

PS. Falta ainda referir que os textos não podiam exceder os 600 caracteres e teriam de contar um episódio a que tivéssemos assistido ao longo da vida e que, talvez por ter sido marcante, nos tenha ficado retido na memória como se de uma fotografia se tratasse. Um retrato pincelado de palavras.

4 impulsos:

Nilson Barcelli disse...

Um retrato bem delineado... o texto é excelente.
Beijos, querida amiga.

Sílc disse...

Belíssimo. Perfeição imagem e texto! Que lindo aprendizado. Obrigada.
Com amor, carinho e admiração profunda,
Sílvia
http://www.silviacostardi.com/

Edgar Semedo disse...

Muito bonito!

:)

E.

Luís Filipe C.T.Coutinho disse...

A vida é um ciclo de encontros e desencontros, onde nos encontramos e nos perdemos como consequência e inconsequência dos nossos sentimentos e das nossas escolhas...

beijo