Os pensamentos invadem-me o sentir...
E sinto o que mais ninguém sente. Está lá, à vista de todos... mas ninguém vê o que eu vejo. Ninguém lê o que eu leio, nas entrelinhas do que está escrito. Jogam-se palavras estrondosamente silenciosas, carregadas de simbolismos, para que ninguém perceba o que realmente significam. São lançadas com a força de quem lança flechas ao seu alvo, secretamente escolhido. É nestas ocasiões que dá gozo ser invisível... nem sabem como eu me divirto!
Alheios à minha presença, brincam satisfeitos como duas crianças inocentes, que não sabem o que se esconde por detrás das inconstâncias da vida. Um jogo perigoso e que pode muito bem vir a ser fatal... tão fatal como o destino!


Divago nos meus pensamentos
Ouvindo a voz da consciência
Zelosa dos meus apelos... vagos...
Enquanto me defronto com mais este desafio...

P
alavras... tantas!
Alimento da minha alma, dos meus sentidos...
Lágrimas e sorrisos, momentos...
Algumas são tão belas... e outras não!
Verbos que se conjugam em diferentes tempos
Rios e bosques de sentimentos
Amores e segredos...
São penas... algumas de tantas... simples palavras apenas.

Esta é a minha forma de responder ao desafio lançado pela SU, dona do blog teia de ariana que consiste em escolher doze palavras das que mais gosto. Aqui estão elas!
Considerem-se desafiados todos aqueles que acharem serem capazes de escolher apenas doze de tantas palavras que se gostam... não é fácil, acreditem!

Às vezes não te encontro
No emaranhado de pensamentos
Do velho sótão onde te guardei...
Dou voltas e mais voltas
Arrumo e desarrumo
Prateleiras empoeiradas
Carunchosas e pegajosas
Dos armários do esquecimento
Onde te escondes de mim...
Às vezes não te encontro
Quando em vão te procuro
Apalpando o vazio escuro
Do vale das distancias
Que entre nós se ergueu...
Às vezes procuro-te
No azul impulsivo
De uma chama mortiça
Delirante e condenada
E chamo-te num grito abafado

Para não perturbar o silêncio
Que envolve as madrugadas...
Às vezes não te encontro
Nas estranhas emoções
Partilhadas em segredo
E
que um dia

... deixamos em suspenso...

Às vezes não te encontro
Porque não sou eu que te procuro
É o meu inconsciente
Completamente desgovernado...




Os dias sucedem-se às noites infinitas, que fazes questão de passar em claro… talvez por te parecerem menos longos, penso eu, esses dias que te roubam a vida que não vives.

Trancaste-te a sete chaves na tua prisão sem grades, de onde não sais e onde aguardas pacientemente o futuro suspenso no ar. Alguém te disse que o melhor seria esperar e tu esperas... esperas enquanto assistes ao filme que até já viste duas ou três vezes… esperas enquanto te enganas a ti mesmo e me fazes pensar no que sentes, mesmo não me dando as respostas que eu sei existirem no fundo do teu sentir. Hoje sei que lamentas a decisão errada que tomaste naquele dia, mas o teu orgulho não te permite dizer-mo, muito menos permites que te lembre do erro fatal que te atirou para a beira desse abismo infernal, onde tentas equilibrar-te sem cair... como mãe, custa-me ver-te assim e não ter nada de novo para te dizer além daquilo que já sabemos os dois.

Paraste no tempo e esperas o futuro que tarda… roubando-te a ti mesmo na vida que não te permites viver… na solidão em que mergulhas, cada dia que sucede a cada noite, sempre tão iguais, em cada semana que passa!

Um vulto
Envolto
Na penumbra...

Alma só
No velório
De si mesmo...

Mudo
Estático
Concentrado
Na reza que não faz...

Penitência
Dos silêncios...
Ou
Condenação de si mesmo!


Pois é... as fadas também se cansam um dia!

Vem


Senta aqui ao pé de mim


Descansa um pouco...


Vês


Também eu me sentei


Dobrei as pernas em cruz


E aqui fiquei... assim


Sabes


O tempo é um louco


Por ser mais rápido


E nos obrigar a correr


Para o apanhar


Não pense que é o fim


Não!!


Mas agora...


Descansa um pouco...


Aprecia a beleza à tua volta


Sente a brisa do vento


Os raios de luz...


... descansa um pouco!




Queria escrever algo leve
Que não me pesasse na alma

Algo como um floco de neve
Ou como um sopro de calma


Lembrei-me daquelas sementes
Que havia nas paredes
E nos muros do campo
Lembro-me
Que as soprava ao vento
E voavam como um pirilampo...

Queria escrever algo leve
Que flutuasse...


... como um lindo sonho

Que povoa a noite de uma criança
E torna o seu rosto risonho

Ali... na sua caminha

Tranquila
Em segurança

Queria escrever algo leve
E que quase nem se notasse...



Não gosto do Carnaval!
Ou Entrudo
Como lhe queiram chamar…

Ainda assim
Atrevo-me a usar
Esta máscara...

Dizem que me serve
Que me assenta como uma luva
Talvez tenham razão
Pois é quase tão transparente
Como a alma espelhada
No rosto de quem a usa…

Não assusta
E não pretende
Enganar ninguém
Nem tão pouco
Prejudicar
Como outras que andam aí…

Gosto dela
E serve-me tão bem!...

Por isso
Vou usá-la
Neste Carnaval!