És o sol
És o dia
És o meu sonho
Tornado realidade...

És a minha luz
És a minha loucura maior
Diagnosticada nas tardias horas
De uma vida já meio adormecida
À beira de um rio seco
Na aridez de um deserto
Que nasceu do pó
Amontoado no meu coração…

Vê como sou feliz
Quando me vês correr
Sem destino
Pelos campos de cearas doiradas
Que se vergam à passagem do vento quente
E adormecem no canto mágico de um rouxinol...

Segredo-te ao ouvido
Palavras antigas
Inventadas por um escravo do amor
A quem lhe roubaram a razão do seu invento
Dizem…
Que as escondeu dos olhares do mal
Para que não fossem usadas em vão…

Ofereço-te a minha vida
Em troca do teu desejo
De seres apenas… meu…

***

Deixo aqui um link, que, gostaria muito que visitassem...


Comprei o bilhete só de ida e dirigi-me para a gare... pousei a mala num canto livre e sentei-me em cima dela enquanto aguardava a chegada do comboio maldito... o tal que me ia ceifando a vida, numa outra vida já passada...
Há vultos que me rodeiam, sem rosto, sem futuro nem passado. De pé, sentados ou encostados a qualquer coisa firme que lhes permita descansar o corpo pesado, carregado de penas de uma vida amargurada, improvisando conversas de ocasião.
Já o avisto ao longe. Galopante,
endiabrado e barulhento cavalo de ferro, a cortar a curva do tempo que já não me pertence... misturo-me com eles e sou mais um desses vultos sem rosto, sem passado e sem presente que embarca na última viagem, rumo ao desconhecido, ao incerto a que chamam... futuro!




Guardaste o pouco que te restou dos sonhos, depois da passagem daquele furacão, que te entrou de surpresa pela vida adentro e te roubou quase tudo aquilo em que acreditavas...
Não fosse o teu bom senso, lembrar-te e chamar-te de novo à razão... e lá terias perdido tudo!
Viraste costas ao mundo, ao qual não pertencias, mas que te fez acreditar durante tanto tempo que talvez tu, serias diferente... mas não, puro engano! E pensar que te deixaste iludir na cantiga do bandido, que veio só para te roubar a lucidez e te toldar os sentidos com as armas da luxúria e da paixão.
Varreste os cacos que sobraram desse vendaval de emoções e deixaste-os a um canto, nem te deste ao trabalho de os deitar fora... ficaram no lado oposto daquele para onde seguis-te, sem voltar a cabeça para trás uma única vez que fosse! Agarraste com firmeza nas tuas convicções, deixando um rasto de um escrito invisível onde se lia... ponto final.


Escondo-me do que sinto

Deixando-me prender

No enleio da teia

Transparente…


No lado oposto de mim

Bebo na taça do prazer

Que me fez prisioneira

Demente …

Sinto-me livre

Presa ao meu vício

Que me mantém dependente…


Sou a escrava obediente

De um amo(r) ausente…




Recomeçando de novo...



Desafio o equilíbrio
Num desequilíbrio constante…


Passo a passo
Lá vou passando
Por entre as farpas...


Encurtando o caminho…

Que teia é esta
De finos fios de seda
Envenenados...
Que se me enrolam à volta
Deste frágil corpo
Já de si
Tão fraco
Tão cansado

Incapaz de se defender...


Será esta teia
Armadilha manhosa?
Ou

O poderoso veneno

Que me corre nas veias
Que me mata

Que me seca

E queima
Que me silencia...