Jogamos... porque não?!


A vida…

O sonho…

A melodia...

A emoção...

O amor…

O desejo...

A conquista…

A sedução...

A entrega ...

O beijo...

A carícia...

Tudo é um jogo!

Até as palavras o são...


Rosas espinhosas...


Na escadaria da vida
Encontramos
de tudo...
Belas rosas
E

Aguçados espinhos...

Se cheiramos as rosas
Picam-nos os espinhos...

Sangramos...
Curamos...

Mas um dia
Voltamos
A colher as rosas

Que nos sobram dos espinhos...

Um resto de nada...




Murmúrios imperceptíveis
Eclodem do nada
Sombras que se arrastam
Em meu redor

Estranhas vozes
Que me perseguem...

Espíritos invisíveis
Perdidos...
Que vagueiam
Sem rumo...

Estão por toda a parte
De mão estendida...

Mendigos do destino
Que lhes rogou a sorte
Na ausência da vida
Algures perdida
A caminho da morte...

Estão mortos
Só que ainda não sabem...

Velhos escritos...


São pequenos restos
De coisas tão velhas
Sem grande importância...
São pedaços de histórias
São rastos de memórias
Que sobreviveram ao tempo...
Talvez guardem segredos
De outras vidas passadas
De tormentas e venenos...
Talvez sejam cartas
Esborratadas
Por tantas... e tantas
Lágrimas derramadas
Talvez sejam apenas
... poemas...


Misteriosas esmeraldas...


Na candura do seu belo olhar
Que quase me fulmina...
Tento adivinhar
Que cor terão os seus sonhos...

Na incerteza
Realço a beleza
De todo esse verde
Que me entra pela retina...

Mas que mistério
Esconderão esses olhos
Tão belos?

Mas que me parecem
Tão tristonhos...

Em silêncio...


Aquieto-me no colo da noite
Que me aconchega
Com o xaile negro do silêncio

Acendo um cigarro
Oferecido pela morte
Que me engana
Com o prazer do momento

Vou bebendo do meu cálice de Porto
Envelhecido pelo mesmo tempo
Que me envelheceu o corpo

Mergulho num mar de pensamentos...

Do outro lado... de cá


Nem sentes
Como te ferem
Essas pedras aguçadas
Arremessadas...
Quando te debruças
E espreitas
O outro lado
De ti...

Era lá que querias estar
Eu sei...

Contemplando a inocência...

Em que pensamentos te perdes
Tu criança?
Cheia de sonhos...
Enquanto seguras com firmeza
A rosa vermelha
De sangue
Que do teu vestido se soltou...

No desespero
Deste louco mundo
Fugir...

Daria séculos da minha vida
Para ao teu tornar
E ao pé de ti
Me voltar a sentar...

Alma roubada... trancas ao corpo!


Sou

O que sobra
Das esperanças vãs...

A dor
Que me corrói
As entranhas...

Do corpo
Só me resta
A sombra...

Afogo na alma
As súplicas
Que me queimam...

Sou um nado
Que jaz morto...

Dentro do próprio corpo
A quem da alma
À força o arrancaram...

Quem és tu?

Quem és tu?
Que chegas de mansinho
Sem ser esperada...
Ora te vestes de negro
Como a noite escura...
Ora de branco
Como a alvura da madrugada...

Quem és tu?
Que te passeias sem pedir licença
Pela estrada larga do pensamento
Reparei que te sentas
Quase sempre naquele banco
No tal lugar dos ausentes...

Acaso te chamarás saudade?

Eus...

Tenho um baú de máscaras
São todas invisíveis
Fascinantes...
Uso-as quase sempre
Quando dou vida a outros eus...
Eus que vivem no meu inconsciente
Do outro lado do meu rosto...
Porque nem sempre
Sou aquilo que escrevo
Quando imagino...
Quando invento...
É um eu diferente
Que me dita
E eu... apenas escrevo!

Foi um desses eus que me ditou este escrito aqui

E outro ainda... mais este

Louca paixão de sereia...



Ancorei no teu porto

Onde as gaivotas se passeavam
Pelas suaves brumas da madrugada
Desejei-te ali
Esperei-te um tempo sem fim
Mas a tua presença foi uma miragem...

Pescador dos meus sonhos
Por ti me perdi
Quando em ti entrei
Pela escotilha do encanto
No meu canto de sereia
Naquela noite fria
Ao luar de Janeiro

Sete luas se passaram
E eu não te esqueci...
Vindo em busca de ti
Para aliviar o meu tormento

E hoje... não te vi...

O cansaço tomou conta de mim
Fiz da rocha a minha cama
E descansei o meu corpo
Moído da viagem
Bebi das tuas palavras
Que trouxe comigo em pensamento
E adormeci...