O grito mudo...


O silêncio
É o tudo
No deserto
De um tempo
Fora de tempo
Tardio...

O grito mudo
Que morreu
Antes de ter nascido...

Chegou-me
Num eco vazio...

Deus sabe
O quanto
Do tanto
Que da alma
Me escorreu...

Nem um som se ouviu...

Daquele grito
Que o silêncio
Escondeu...

Debaixo da capa
Que o abafou
Que o emudeceu...

Ser especial


Ser especial
É ser a luz dos olhos de alguém...
É ter um brilho luminoso
Capaz de provocar o sorriso de alguém...
Ser especial
É fazer com que alguém se sinta um tolo
Perante a simplicidade
Despida de adornos
Que veste a alma de alguém...
Ser especial
É sentir a empatia
Como ninguém...
Ser especial
É ser natural
Sendo especial...

**********
Ausente por uns dias...
Prometendo voltar!
**********

As marcas de um sorriso perdido...

Saíste de casa apressada
E nem deste pela sua falta...

Puseste o pé na rua

Ainda no escuro do dia...

A calçada estava molhada

Escorregadia...

Correste para o autocarro

Apinhado de gente de olhar vago...

Com um miúdo no colo

E outro pela mão

Agarraste-te ao varão

Não havia lugar...

Nem sei como te foste lembrar dele

Já tarde e sem tempo a perder!...

É...

O despertador tocou sem dó

Obrigando-te a saltar da cama
Foi logo ali
No recomeço da rotina

Esqueceste-te dele

E deves tê-lo deixado cair

Talvez na cama...
No quarto

Na cozinha

Ou na sala...

Quando chegaste à noite

Bem que o procuraste em todo o lado

Mas do teu sorriso

Nem um pequeno esboço encontraste!...

Quando foi mesmo que deste pela sua falta?
Terá sido hoje de manhã

Ou será que foi na semana passada?!

Ou na outra mais atrasada...

Quando foi a última vez que o usaste?

Não te lembras

Perdeste o sorriso... e nem deste por isso...

De tão atarefada que estavas

No trabalho

No supermercado

Na lida da casa...

A vida levou-te o sorriso

Sem aviso...

E tu... sem te aperceberes de nada!

Hoje apeteceu-me falar de magia...

Hoje apeteceu-me deixar-te umas palavras...

Porquê?
Porque foste importante para mim!
Ainda me lembro do que senti naquele dia, quando, sem esperar, fui prendada com a tua primeira visita ao meu humilde cantinho, onde dava os meus primeiros passos... a medo...
A tua magia entrou por ali adentro, e iluminou todo o espaço que me rodeava, inundando o meu coração e plantando um sorriso no meu rosto.
Ainda me lembro do que escreveste...

"Saltaste o muro, amanheceste o sorriso do futuro e pacientemente esperaste a noite. A lua foi tua cúmplice no misterioso encontro que a cor das estrelas escondeu atrás do seu brilho. Feliz, sentaste-te na pontinha do céu e escreveste palavras doces lembrando o encanto que ainda trazes dentro de ti..."

E foi assim ao longo de muito tempo.
Ajudaste-me a acreditar que também era capaz... acalentando o meu sonho.
Fizeste as delícias de muitos que, tal como eu, esperavam ansiosos pela meia noite... a hora mágica com que nos prendavas com mais um delicioso momento de magia e beleza sob a forma de palavras... a magia das palavras!
Depois...
Bem, depois... outros valores se levantaram e outros caminhos te inebriaram a mente, levando-te a outras paragens, que só tu saberás o seu real valor.
Neste mundo um pouco estranho, vamo-nos cruzando com almas, que, aos poucos, vamos deixando de ver.
A diferença está, em que uns... esquecemos, outros não!
Por mais que queiras apagar o teu rasto de magia, jamais o poderás fazer nas nossas lembranças.
Deixo aqui um exemplo disso e desde já peço perdão pelo meu atrevimento... Mas é lindo demais para que se possa esquecer! A tua magia não pode morrer assim... não pode!...



Esquecer...


Hoje não penso em ti, quero escapar das malhas deste Amor que me faz sofrer, quero navegar por mares mais calmos, menos tortuosos, quero perder-me à deriva de momentos que sonhei e onde tu não pertences, não quero ouvir a tua voz, oiço o mar de sonhos que me leva nas suas ondas de Paz, para um mundo muito longe daqui, fora deste Universo que se virou contra mim, as palavras que te escrevo não são as mesmas que lês, levo as cartas, onde se escondem as palavras que nunca te escrevi, não vale a pena sonhar mais, apenas quero partir.

Texto retirado daqui

Serão desejos roubados?


...
Existem grades douradas
No castelo dos meus sonhos
Não se vêem...
Estão escondidas na torre
Virada para sul...
Naquela que fica
Mesmo ao lado daquela outra
A da fantasia...
Sentinelas armadas
Fazem turnos
Tomam conta...
Escondem desejos
Desejos aprisionados
Condenados...
Na prisão da consciência
Ainda não sei o porquê
De tamanha penitência
Para tão leves pecados...
Rejeito a culpa
Não a quero
Nem me serviria de nada...

(Des)encontro...


Olá! Sou eu.
Há tanto tempo que não te vejo...
Tenho saudades tuas!...

Vê-mo-nos hoje?
Hum... hoje não vai dar...
Então e amanhã?
Deixa cá ver...
Amanhã também será difícil...
No fim de semana sabes bem que não posso!
Talvez então para a semana...
Que dia?
Escolhe tu.
Já sabes que Segunda tenho uma consulta
E na terça é o dia dos anos da minha irmã...
E que tal na Quarta?
Quarta parece-me que será um bom dia!
Então espero-te na Quarta para o jantar!
Traz o vinho...

Tinta incolor ...

...
Já tantos escreveram sobre o amor

Que as palavras se desgastaram
E já não servem para mim...
Resta-me o desejo
De num simples e singelo escrito
Dizer-te o que se diz
Num belo poema de amor

E das palavras brotaram
Rios de sentimento
Que escrevo no pensamento
Com aquela tinta incolor
Que se extrai
Da saliva de um beijo
E dura um tempo sem fim...

Apenas um resquício de uma lembrança...


Dos tantos momentos
Que fizeram a nossa história
Já quase esqueci a maior parte

Foram tristes...
Fizeram-me mal!

Há muito que não falava disto...

Tranquei-os para sempre
Nas masmorras do esquecimento

Deve ser por isso
Que me falha tanto a memória...

Mas hoje
Ao ouvir esta música
Um resquício de um desses momentos
Um dos bons...
Não pediu licença para entrar
E invadiu o salão do meu pensamento...

As marcas do tempo

Tenho marcas no corpo
Feitas a contra gosto...
Em cada ano...
Um traço novo!
Qual mapa precioso
Que guarda um tesouro...
Desgastei-me aos poucos
No longo caminho da vida
Que me fugia...
Que corria sempre
Dois passos à frente!
E sorria...
E eu... envelhecia...
Não há reviravolta
Nem contravolta
Nem tampouco revolta
Sou o tempo sem volta!...

Tem cuidado com a tua beleza...


Tão alto que é o voo daquela alma
Em liberdade
A caminho do paraíso
Aquele que lhe foi prometido...
Fez dezoito anos na semana passada!
É dona e senhora
De toda a sua beleza
Voa princesa
Voa...
Mas vai com cuidado
Não vá a vaidade
Pregar-te uma partida
E acabares numa qualquer esquina
À toa...
Vendida vezes sem conta
Por qualquer dinheiro
Às mãos de um trolha
De um cangalheiro
Ou de um camionista
Quem sabe!...
Mais tarde
Já muito depois da hora...
Amarrotada como uma folha
E deitada fora
Como um qualquer lixo...
Sentada num banco livre
Daquela avenida
Talvez chores
Arrependida
E te aches mesmo um lixo...
Um lixo bonito!